Farei certas observações puramente pessoais ou: "Como foi a sua semana?"
Antes de mais nada, obrigado, hipotético leitor, por me perguntar, você foi muito gentil. Aliás, tenho às vezes a impressão que se eu fosse mulher minha sensibilidade para com este tipo de coisa seria muito forte. Adivinho até que eu seria uma daquelas mulheres problemáticas com tendência a criar tragédias a respeito dos acontecimentos mais diminutos possíveis. Por exemplo, intuir desesperadamente o fim do mundo a partir da falta de sabonete no banheiro. Mas por ser homem, meu espírito de auto-suficiência e praticidade fala mais alto, e na falta do hipotético sabonete, então que fosse uma hipotética areia, e eu estaria hipoteticamente muito sorridente pelo feito. Ok, o exemplo é destituído de sentido e chega a ser esdrúxulo, mas que importa senão causar uma certa impressão?
É verdade que demorei mais que de costume para escrever algo neste blog, e isso porque acabei me perdendo num misto de preguiça e rascunhos. Por exemplo, até escrevi cá no Word algo sobre um interessante post do Carlos, no qual ele faz uma aproximação entre civilização e Cristianismo (corajoso, cerca de 95% das pessoas alfabetizadas, se não estão preocupadas apenas em questões mais básicas de suas existências ou com a perpetuação da espécie, diriam o oposto), mas, para me expressar à maneira dos matemáticos, o comprimento dos meus garranchos foi ficando diretamente proporcional à minha preguiça em finalizá-lo, e inversamente proporcional à minha vontade de publicá-lo, de forma que joguei aquele rascunho no limbo. Também escrevi sobre a importância do "Civilization II" para uma compreensão quase completa do nosso próprio mundo e, noutro texto, fiz uma comparação entre Karl Marx e Satã Goss, ressaltando ainda que os intelectuais brasileiros em média estão para o aprumo do bom-senso assim como os monstros criados pelo vilão de Jaspion estão para Daileon: em atrito mortal. Mas nisto também a preguiça me perseguiu.
Na verdade, a preguiça que eu senti era um outro sentimento, que por sua vez se desdobrava numa espécie de preguiça. Era o enfado. Ah, que sensação! Que desgaste à toa! E eu estaria muito errado em imaginar que todo mundo já acordou um pouco Eclesiastes alguma vez na vida? Aliás, não sei dizer se aquela característica mais notória das pessoas velhas, o reclamar de tudo, teria raízes neste sentimento. Não sei e agora me pergunto por quê diabos me fiz essa pergunta. Deixemos estas considerações de lado.
Até agora eu não disse nada específico da minha semana. Acho que nem consigo, porque fiz um pacto comigo mesmo de não me aventurar a dizer nada mais que o necessário de mim mesmo neste blog, até porque minha vida não é a de nenhum Alexandre ou Júlio César. É antes a de um sujeito que ocupa 65% do seu tempo livre no computador, mais 30% vendo tevê e o restante dividido entre livros, filmes, músicas, conversas, necessidades básicas, etc. Até me pergunto como é possível que eu viva assim sem engordar, mas enfim. Claro que alguém poderia dizer que no computador podemos ver programas, ler livros, ouvir músicas, etc - e por enquanto ainda não é possível fazermos nele nossas necessidades ou por exemplo comer um teclado como se fosse presunto. Concedo, lógico, e aliás eu mesmo faço aquilo tudo - menos, claro, minhas necessidades - no computador. Só não assisto programas pela Internet. Passear para mim é sair daqui de casa até uma biblioteca, ou jogar futebol aos domingos. Ir a bares é coisa de ignorantão. E lugar de show para mim é no Municipal, e aliás é muito feio usar para tanto a palavra "show", credo.
Enfim, este texto na verdade foi apenas para quebrar gelo, para exorcizar minha semana "pseudo-Eclesiastes". E o que é mais curioso é que de uma sensação de enfado em relação aos assuntos que eu diria por aqui, no final das contas saiu este amontoado de disparates. Vai entender. Mas o problema é meu, não do leitor. Lembre-te que esta é uma época rebenta do século do Romantismo, onde não interessava o que o público queria, mas sim o que o escritor, pintor, músico, etc, estivesse com vontade de demonstrar. Óbvio que isto não é tão simples: para onde o artista vai correr se o público lhe for hostil? Suas obras são, na verdade, feitas sob encomenda segundo as intenções nebulosas de um indistinto e insubstancial anônimo? Que coisa irracional, que coisa irracional... Ha!, ainda muitos acham esta época muito científica. Mas paro por aqui, este é um outro assunto.
Indistinto leitor anônimo (teu nome é "ápeiron"), que nem sei para quem escrevo, adeus. E bom dia para os conhecidos. E quase eu ia completar com algo como "justiça aos amigos, injustiça aos inimigos", mas não quero judiar ainda mais da unidade deste post. Preciso estudar direito a "Poética"...
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