Friday, April 04, 2008

Uma feliz Páscoa

Mantendo-me fiel ao meu desleixo, gostaria de desejar uma feliz Páscoa atrasada a todos.

Algumas palavras sobre qualquer coisa

Ainda que seja sumamente ridículo, devo confessar ao leitor que hoje em dia me escapa frivolamente o motivo do nome deste meu querido blog. Sim, frivolamente, porque haveria outro motivo senão a pura gaiatice da lembrança? É precisamente isto, enfim, que me falta, a lembrança. Junto com ela, e me parece bastante evidente, está a perda do fio que liga este que vos escreve hoje à idéia um dia concebida há alguns anos atrás por mim mesmo. É tão-somente a minha teimosia que não me permite modificar o título desse blog, além de ele exercer sobre mim um misterioso fascínio.

Nunca é demais repetir ao leitor que o blog, ou melhor, minha estréia em um blog, não nasceu na primeira data escrita ali ao lado, mas em outra. A verdadeira estréia é anterior coisa de um ano apenas, em 2003, porém o velho blog, também batizado como este aqui, teve breve existência e foi tragado pelas intempéries cibernéticas. Mas o ensaio foi sucedido por outro ensaio, mais breve ainda, donde é necessário concluir que este blog atual é uma re-re-estréia, sendo que nenhum dos outros deixou rastros facilmente visíveis.

Levando-se em conta que praticamente tenho 26 anos, posto que farei aniversário agora em abril e coincidentemente no dia de mesmo número da idade que terei, 26, pode o leitor facilmente verificar que publico alguma coisa desde os 21 anos. Não lembro agora se meus amigos Carlos, Francisco e eu chegamos a desenvolver "O Teocrata" já em 2002, mas creio que sim. Isso quer dizer que venho garrancheando na Internet, sem jamais abrir mão de um amadorismo atroz, há seis anos, isto é, desde meus 20 anos. São, portanto, seis anos de experiências irregulares e amadorísticas.

Sinceramente, é uma diversão tremenda. Isso não significa dizer que é uma frivolidade total, ainda que haja qualquer coisa do gênero. Agora bem: que seria do homem se fosse apenas seriedades e tragédias? Eu mesmo respondo: seria nada, porque teria sido há muito aniquilado pelo peso do mundo hostil. É, portanto, necessário respirar. Todavia, julgo ser necessário deixar claro que, no meu caso em particular, a asfixia universitária que me oprimia me levou a buscar correndo alguma fresta de ar. Eu poderia dramatizar e dizer que foi uma questão de sanidade mental o que me levou a buscar um ambiente paralelo ao que eu freqüentava. Aliás, eu gostaria de mencionar que os belíssimos sites de Pedro Sette Câmara e de Alexandre Soares Silva, e me desculpem os outros que injustamente não foram citados, estejam ainda na ativa ou não, foram e são verdadeiras delícias para qualquer espírito angustiado -- culturalmente falando. Ao menos para este que vos fala, o ambiente universitário carregado demais e eu diria até azedo para nosso espírito. Agora bem: não fosse por tais exemplos, talvez nunca o Carlos teria tido a idéia de criarmos um blog no lugar do o site que já tínhamos.

O que me levou a rabiscar na Internet foi o desejo de expressar alguma coisa diferente do que era obrigado a engolir na faculdade, muito embora, verdade seja dita, a pretensão não acompanhasse e nem acompanhe a qualidade mirada. Na realidade, não demorou muito para eu perceber que a faculdade era um anel que se estreitava quanto mais eu procurava me movimentar de acordo com, por assim dizer, outros ritmos. A algumas pessoas, é possível desligar a si mesmo e levar as coisas de um modo robótico. Infelizmente, tentei por bastante tempo agir assim e não fui muito bem sucedido. Rabiscar na Internet não foi uma válvuda de escape a toda a prova, mas serviu realmente como respiradouro. Talvez o leitor considere o que direi um tanto poético ou algo obscuro, mas poucas são as coisas mais agradáveis do que o sentimento de liberdade retamente guiado pelo que é verdadeiramente bom.

Parece-me um pouco afetado esse modo de dizer, mas não sei como expressar de outra forma tudo o que disse. Muito embora possam parecer afetadas, nem por isso essas palavras carecem de verdade.

Não sei se algum dia justifiquei a existência desse ou de qualquer outro blog que criei. Bom, aproveito a ocasião para solenemente dizer que não há a menor justificativa senão essas que eu disse, seja lá se ficaram claras ou não. Não chegarei ao cúmulo de dizer que este meu blog é auto-justificável, logo necessário, como se fosse um axioma. Que o amável leitor tenha apenas em sua mente essas sofridas palavras, escritas pelo não menos sofrido cidadão que vos fala. E tenha um bom dia.