Sunday, October 30, 2005

Por que 007 é tão legal?

Às vezes fico pensando se o governo de Sua Majestade sustentaria as mulheres que James Bond porventura engravidasse em suas missões. Mas nunca ninguém engravida. Bom, supondo que engravidassem, pela perfomance do agente secreto em suas missões julgo que daria para a Inglaterra fundar pelo menos uma nova cidade.

Mas 007 sabia se precaver, sabe-se lá como. Talvez fosse questão de sorte - sim, ele a tinha demais -, ou algum invento do Q que impedisse que as bond-girls engravidassem. Uma coisa é certa: levando-se em consideração o Labour Party, na certa iam dar um seguro social a todas elas, e já imagino o golpe das bond-girls, querendo ter um filhinho só para conseguir uns trocados e cidadania inglesa.

O fato de algo assim me intrigar não é o único motivo de eu gostar muito dos filmes do James Bond. Aliás, para mim é inconcebível que não gostem dele, mesmo quando apontam as falhas de roteiro, cenários bregas e cafonas, mentiras deslavadas, etc, etc. Nem todos os filmes dele são assim (ou melhor, só assim), e mesmo os que são se tornam, quando a gente pega tudo isso em conjunto, as coisas mais divertidas, ainda que às vezes constrangedoras... Em suma, é um daqueles filmes de ação divertidos, e sinto falta quando não há um vilão singularmente demente, cafona, megalomaníaco, com um braço-direito doido, ou quando não há uma forçação de barra tremenda.

James Bond é um personagem muito legal. Viaja por todo o mundo, namora as mulheres mais lindas, tem as geringonças mais modernas e inventadas por Q, adora jogar em cassinos, tem um senso de humor legal, às vezes bizarro, é um super-espião super-treinado, e, acima de tudo, está sempre salvando o mundo a serviço de Sua Majestade. Ah, e eu já ia me esquecendo: ele adora uma vodka Martini batida, não mexida (há um monte de sites explicando inclusive a diferença entre um e outro tipo). Do ponto de vista sumamente mundano, é o herói perfeito.

Ian Fleming, sujeito que criou tudo isso, era do serviço secreto britânico, no setor responsável pela segurança externa, MI-6 (Military Inteligence, Section 6). Filho de um major que foi morto na Grande Guerra, Fleming estudou na Universidade de Munique, tendo antes passado pela Academia Militar. Tinha facilidade para línguas. Trabalhou também como jornalista, e no período da Segunda Guerra serviu como oficial de elevada patente na Royal Navy no setor de Inteligência, retornando posteriormente ao jornalismo.

Foi exatamente um sujeito com experiência no mundo da espionagem e jornalismo que criou as histórias mirabolantes de 007. Ninguém pode portanto dizer que Fleming, do qual nunca li nenhum livro mas tenho grande vontade de conhecer algum, era um intrometido dizendo coisas malucas e fantasiosas sem conhecimento de causa. (Aliás, Paulo Francis disse certa vez que, em relação ao sexo, os filmes são água com açúcar se comparados com os livros, porque segundo Francis os filmes foram feitos tendo em mente o público dos EUA, bastante puritano.)

Mas por que enfim 007 se tornou tão famoso? Alguns motivos eu já dei: seu carisma, suas viagens pelo mundo, seus vilões megalomaníacos, as bond-girls maravilhosas, etc. É um filme de ação que explora direitinho o que há de mais "espetaculoso" no mundanismo: a cobiça e a luxúria, com muita classe (de um jeito caricaturado ou não), ao redor de cassinos, Martínis e paisagens pitorescas. Além do mais, os vilões não tem um tipo de cobiça qualquer, mas querem geralmente colocar o mundo de joelhos, nem Bond namora uma mulher qualquer, mas só as mais maravilhosas – sempre para cumprir seu dever para Sua Majestade. E - lá vou eu me repetir - aquelas geringonças de última tecnologia são tão legais que se tornam quase uma personagem coadjuvante: sempre elas têm de aparecer, sempre com nova roupagem - e por tabela Q, e agora esse outro que o sucederá.

Só me resta dizer alguma coisa sobre o pessoal que já interpretou 007. Sean Connery era o melhor por causa de sua presença - como eu poderia dizer? - máscula na tela. Grande, rosto quadrado e de marcas fortes, porém sofisticado e sabendo passar a ironia do personagem, conseguiu juntar tudo isso muito bem. Roger Moore conseguia ser ainda mais irônico. Foi o mais "gentleman" dos 007. Timothy Dalton não conseguia imitar nem a ironia nem o atletismo, foi o pior (só vi dele o Licence to Kill, que também em nada o ajudou - filminho que quase afundou de vez a série -, diga-se a verdade, parecendo uma versão um pouquinho mais sofisticada de Desejo de Matar). Pierce Brosnan, embora não chegasse aos pés de Moore e Connery, assumiu muito bem o papel, talvez sendo um dos James Bond mais charmosos. Do restante não posso dizer nada, porque não os vi.

Sunday, October 23, 2005

Zeus, Prometeu, Atena e o Cabeleireiro dos Deuses*

*Baseado em uma fábula de Esopo

Lá no grandioso Olimpo, no início do mundo, houve uma disputa entre os deuses para saber quem criava a coisa mais bela. Eis os contendores: o tonitruante Zeus, o perscrutador do futuro Prometeu e a de olhos glaucos Atena. O primeiro exibia com orgulho um animal grande, forte e chifrudo, batizando-lhe “touro”; o segundo acabara de fazer uma criatura das mais intrigantes. Embora tivesse aparência frágil, ele a ostentava como um ser de futuro promissor, chamando-lhe “homem”; por sua vez, Atena usou seus conhecimentos em arte para fazer uma construção que ao mesmo tempo fosse bela e prática, chamando-lhe “casa”.

Só que havia um problema. Nenhum outro deus queria ser árbitro daquela disputa. Alguns achavam menos pior serem arremessados do Olimpo direto para o Tártaro, embora Hefesto, por experiência própria, visse naqueles dizeres um certo exagero. Então Zeus, sapientíssimo, chamou Hermes e disse-lhe: “Meu caro, posto que eu mesmo estou envolvido na contenda, só há uma criatura neste mundo que poderá ser juiz de tão singular disputa, pois ela é próxima de todos nós e ousada, se bem que um tanto invejosa. Chame rapidamente o Cabeleireiro dos Deuses.” Enquanto Hermes era assim despachado, Zeus virou-se para os demais e continuou: “Mas não falemos que fomos nós que criamos aqueles seres, para não influenciarmos sua decisão”. Todos os deuses aplaudiram e ovacionaram Zeus pela sua sábia decisão, chegando Dionísio a ensaiar uma dança esquisita, e já estava pronto para rebolar em frenesi, quando Apolo achou por bem retirá-lo daquele augusto recinto, não sem antes chamá-lo de bêbedo e celerado.

Hermes foi correndo cumprir sua ordem e em fração de segundos voltou acompanhado por uma figura das mais singulares. Ela vinha com plumas na cabeça, uma peruca dourada, enorme, cheia de purpurina, pó-de-arroz em excesso no rosto, milhares e milhares de cordões, argolas, pulseiras e outras coisas, além de um salto alto enorme, do tamanho de um pigmeu da África. Por baixo desse imenso aparato, ela vestia uma toga feita com pele de tigre branco, repleta de esmeraldas. Oh, e que dizer de seu portentoso leque rosa, do tamanho de um gládio? Um pequeno séqüito vinha junto, cujos membros eram parecidos com aqueles sujeitos jovens de masculinidade duvidosa que Caravaggio tanto gostava de pintar. Eles pulavam de um lado para o outro e jogavam rosas por onde quer que aquela criatura viesse a passar. Então o portador do caduceu, fazendo vários rapapés e salamaleques para o pai dos deuses, disse-lhe: “Eis aqui o Cabeleireiro dos Deuses, conforme a vossa vontade.” Zeus agradeceu e pediu para que ele se aproximasse. Mal tendo chegado perto do pai dos deuses, ele não perdeu a oportunidade para falar: “Oie, meus fa-bu-lo-sos e di-vi-nos patrões! Eu estava tão atarefadinho, ai! Olha bem, hein?, tomara que esses divinos tenham me chamado por um motivo mui-to bom, se não vou rodar a baiana, viu? Vocês não sabem quem eu estava penteando agora pouco, é um babado! Ela estava vestindo...” O tonitruante interrompeu-o logo: “Tudo bem, ó embelezador de divindades, não diga mais nada. Chamei-te para que avalies qual...”

O Cabeleireiro interrompeu a fala de Zeus subitamente, estalou os dedos, chamou seu séqüito e lhe pediu para que pegasse escova, pó-de-arroz e rímel. Na velocidade de um relâmpago, lá estava o Cabeleireiro maquiando Zeus, que se debatia em seu trono de ouro. “Que se passa? O que estás fazendo?”, perguntava. “É que você está tão abatido, fabuloso...”, respondeu-lhe o maquiador de deuses. E continuou, enquanto os mancebos deitavam tanto pó no rosto do deus que uma nuvem se formava ao seu redor: “Acho que é muito trabalho. Já falei para colocar rodelas de pepino nesses olhinhos, ai, ai, ai! E esse cabelo! Venham, bambinos, vamos deixar esse deus glamuroso!” “Saiam para lá, fiquem quietos e me ouçam!”, disse o tonitruante, enquanto meio que às cegas arremessava alguns raios no chão, dois dos quais atingiram o bumbum de um pobre jovem do séqüito. Assim que a calma imperou, Zeus prosseguiu: “Como eu estava dizendo, chamei-te para que avalies qual ser dentre os que te apresentaremos é superior. Como nenhum deus quis ser árbitro desta disputa olímpica, julguei que apenas tu podias ser nosso juiz, tanto pela alta estima que nutrimos por ti, como pela imparcialidade e ousadia de teus pareceres, coisa que todos os numes concordaram.” Enquanto uma lágrima brincava de escorregar pela face do Cabeleireiro, a qual foi rapidamente secada por um dos jovens a fim de não estragar sua maquiagem, ele agradecia efusivamente por aquela honra: “Ai, que emoção louca, sinta meu coração palpitando, parece que vou ter um treco! Me segurem, bambinos...”, dizia. “Controla-te, ó maquiador supremo, e nos acompanhe”, ordenou Zeus.

Então aqueles três deuses e o Cabeleireiro, acompanhados por uma multidão de deuses, ninfas e outras criaturas muito legais, chiques e fabulosas, se dirigiram para um salão enorme, semelhante ao Panteão. Havia um palco no meio, com três panos roxos que envolviam cada um caixas enormes ou alguma outra coisa quadricular. Zeus chamou então Circe, que estava vestida com um maravilhoso vestido rosa brilhante (embora seu cabelo enorme estilo anos 60 fosse considerado por muitos démodé), pedindo-lhe que retirasse os panos que cobriam as criações. Ela então encostou os dedos indicadores nas têmporas e balançou a cabeça de olhos fechados, produzindo um som assaz brega. Eis que de repente os panos sumiram! Era possível agora ver cada uma das criações, dentro de cubos transparentes e adornados com motivos florais. Havia uma inscrição na parte de baixo dos cubos indicando o nome das criações (tudo em grego, evidentemente), mas sem a autoria. Uma banda regida por Euterpe tocava uma musiquinha janota ao fundo. Ah, eu já ia me esquecendo de dizer que lá de cima do óculo (eu já disse que o salão era parecido com o Panteão, certo?) uma luz bem amarelada esparramava-se bem em cima daquelas "obras de arte". Embora o espetáculo fosse meio kistch, e talvez exatamente por esse motivo, o Cabeleireiro estava muito empolgado, achando tudo “di-vi-no”, “um most” e “gla-mu-ro-so”. O séqüito batia palmas um tanto efeminadamente, mas não muito para os padrões olímpicos.

Zeus pediu para que a musiquinha cessasse e ordenou então que o Cabeleireiro começasse a avaliação. Todos estavam ansiosos. Ele primeiro foi olhar o touro. Colocou a mão em seu queixinho fino, olhou bem, deu uma, duas, três voltas ao redor do cubo e, abrindo seu portentoso leque e abanando-se efusivamente, deu seu parecer: “Ai, credo, que hor-ror! Está muito ruim, está muito ruim. Olha que coisa ridícula esses chifres. E olha onde estão os olhos! O bofe que criou esse bichão tinha de pô-los em cima dos chifres, (em ci-ma, captou?) porque aí, quando o touro abaixasse a cabeça para dar uma chifrada, ele continuaria olhando para onde estava indo.” Depois de dar uma risadinha discreta, porém abafada com sua luva de pelica, disse: “Nota dois pela falta de inteligência de quem a criou e um e meio pela feiúra da obra.” Alguns deuses deram uma risadinha, enquanto Zeus, com muita dificuldade, mantinha seu autocontrole. Foi então o Cabeleireiro olhar o homem. Observou-o com cuidado, retirando do bolso um daqueles óculos com uma pequena haste ao lado. Vez ou outra exclamava algo como “hm” e “ai”. Pediu em seguida para que abrissem o cubo a fim de “fazer uma avaliação mais completa”, segundo suas próprias palavras. Depois de apalpar por um certo tempo o homem (que acabou ficando muito vermelho por sinal), o Cabeleireiro emitiu novamente um parecer desdenhoso: “Tsc, tsc, tsc... Vocês parecem que não pensam, nos-sa!” Apontando o leque para o peito do homem, prosseguiu: “Colocaram o coração dentro desse peito cabeludo. Que burrice, santas! O coração tinha de ficar do lado de fo-ra, bem em cima da tes-ta (aqui ele apontava o leque para a testa do homem), porque aí a gente ia ver di-rei-ti-nho o que cada um é de verdade e não ficaria escondido nada de ruim. Nota dois pela falta de inteligência e sete pela voluptuosidade da obra. Se misturassem esse homem com aquele touro, ai, não ia ser um escândalo? Faltou um pouco de sofisticação aqui.” Prometeu estava furioso da vida, mas Epimiteu o ajudou a manter a calma. Por último ele foi analisar a casa. Já com um olhar de reprovação, mal tendo visto direito aquela obra, o Cabeleireiro começou a criticá-la: “Ai, meus di-vi-nos, o que não seria de vocês se não fosse meu ótimo gosto? Olha só essa casa, que coisa pa-vo-ro-sa. E se algum malvado se estabelecesse nas vizinhanças? A casa tinha de ter rodinhas para que o dono a empurrasse para longe, não é? Onde estão elas? Ai! Que falta de imaginação! Só gentinha ia fazer um negócio tão off. Nota dois em todos os quesitos. Agora chega de cafonice, né? Olhem que bela peruca eu fiz, essa sim é mais bonita que tudo isso aí. Esperem até eu mostrar meus vestidos de noiva para vocês.” Palas Atena mordia os lábios com fúria cega.

Começou um falatório enorme no salão. O Cabeleireiro, enquanto isso, mostrava as perucas e os vestidos de noiva que havia criado, dizendo que seriam a última moda no Olimpo. Não cessava de dar nota dez para suas próprias criações, às vezes até onze. Aquilo era demais para a paciência de Zeus. Completamente indignado, Zeus potentíssimo segurou o Cabeleireiro pelas pernas e o virou de ponta cabeça. O séqüito ensaiou um “ooooh”, que não teve vida longa por causa de suas gargantinhas frágeis. Por estar de cabeça para baixo, a peruca do maquiador dos deuses caiu, causando risadas entre todos. Zeus o levou assim até a beirada do Olimpo, acompanhado pela multidão de deuses e demais criaturas legais, chiques e fabulosas. Enquanto caminhava, disse-lhe: “Ó besta desavergonhada, fomos nós deuses que criamos tudo aquilo. Eu, o touro; Prometeu, o homem; Atena, a casa. Mas tu, além de ousadamente nos criticar cheio de inveja, ainda por cima elogiaste tuas perucas e vestidos de noiva acima de nossas obras. Vejamos se continuarás cheio de garbo depois que eu te arremassar para fora do Olimpo.” Então o pai dos deuses, ignorando as súplicas do infeliz, arremessou-o bem longe, fazendo o mesmo com todo o seu séqüito. “Isso dói, isso dói...”, dizia Hefesto, fazendo caretas de dor só em pensar naquela queda.

Vários aplaudiram aquela sábia decisão e disseram: “Viva el-rei Zeus!”, embora outros lamentassem o fato de a partir daí não estarem mais atualizados com a última moda. Então Euterpe voltou com a banda e começou outra musiquinha janota. Dionísio novamente apareceu, desta vez nu, balançando seu bumbum e fazendo caretas. E novamente começou outra discussão entre os olímpicos.

Epílogo

O Cabeleireiro dos Deuses e seu séqüito foram arremessados tão longe e com tanta força que foram parar no Tártaro, fazendo um estrondo tremendo na queda. Hades, acordado com o barulho, saiu de pijamas para ver o que foi aquilo. “De novo aqueles porcalhões do Olimpo jogaram entulho aqui. Será que pensam que meus domínios são um lixão?”, ele resmungava, enquanto chamava Perséfone para começar a limpeza. “Pelo menos da última vez deu para reaproveitar o ar-condicionado que jogaram fora”, respondeu-lhe a esposa, com creme no rosto, amarrando o roupão e saindo com o esposo. Mas para a surpresa do casal infernal, eles se depararam com aquele singular grupo. Mal o ex-maquiador dos deuses observara enfim onde estava e vira aquele casal, balançou negativamente a cabeça e começou a dizer: “Que lugar mais feio, tão down! Que roupinhas ca-fo-nér-ri-mas a de vocês! E que carinhas são essas, hein?” E levantando-se com um certo esforço, ajudado pelos jovens, disse-lhes: “Vamos, bambinos, temos muito trabalho!”

Hades e Perséfone se entreolhavam confusos.

Friday, October 21, 2005

Tuesday, October 18, 2005

Hoje é o dia de...

Hoje é dia 18 de outubro. Para quem não sabe, hoje é um grande dia. Grande e forte, pois é dia de ninguém mais, ninguém menos, que do estivador. Não, leitor, não é engano: os estivadores têm mesmo um dia próprio. Vamos bater palmas com nossas luvas de pelica em homenagem aos trabalhadores braçais, sem os quais não viveríamos tão bem nem eu tomaria um sorvete napolitano delicioso que está me esperando na geladeira.

Hoje é dia também do pintor e do médico. Não sei se o sujeito que bolou essas "festividades civis" achou que havia alguma ligação entre aquelas três profissões, mas nada me vem à cabeça agora, até porque são 5h14, hora em que tradicionalmente meu cérebro está acomodado no travesseiro.

Há dias mais lindos. Por exemplo, dia 24 de Junho é dia mundial dos discos voadores. Dia 22 de Setembro é da banana e, perigosamente próximo, dia 20 é o dos gaúchos. Dia 5 de Novembro é ocasião para prolongarmos Finados, já que é dia do cinema brasileiro. No meu aniversário, 26 de Abril, é dia do goleiro e do engraxate. Em Dezembro existe uma data bem legal: a do alcoólatra recuperado, dia 9 (a do alcoólatra teimoso é uma festança ao longo do ano).

Além da esquisitice em si dessas datas, o mais estranho é que existem dias que não são de nada. Como um calendário civil tem brechas? Existe até dia do frevo (14 de Setembro) e do numismata (1o de Dezembro), ora bolas! É claro que poderiam preencher essas épocas, se quisessem. Caso falte imaginação, posso dar algumas sugestões:

1) Dia do Sovaco (6 de Dezembro);
2) Dia Mundial da Coceira (20 de Fevereiro);
3) Dia do Beijo Francês (5 de Abril);
4) Dia da Seleção Brasileira (22 de Agosto);
5) Dia da Mulher Pelada da Internet (9 de Março, depois do dia internacional da mulher, dia 8);
6) Dia do Macaquinho Assanhado (11 de Novembro);
7) Dia destinado à imaginação do leitor (qualquer dia).

Vou sempre aqui neste blog comemorar essas datas que criei (estamos próximos do dia do Macaquinho Assanhado já).

Fico pensando no objetivo do autor daqueles dias, mas acho que para loucos qualquer razão basta. Vai ver era um sujeito que nada tinha para fazer às 5h29 de lua cheia. Bem que dizem que intelectuais vivem no mundo da lua.

Ainda sobre o que houve no Colégio de Aplicação da UFRJ

Em nenhum país democrático o cerceamento de opinião, e ainda por cima de modo hostil e descarado, é considerado digno. E quanto mais preza um país pela liberdade, mais cuidadoso ele se torna ante a manutenção desse direito tão basilar de qualquer nação moderna.

Muito mais grave é quando buscam cercear um professor de filosofia, sob a alegação de que seus ensinamentos estão em choque com o consenso geral. Ora, se tal afirmação é, na minha opinião, problemática já dentro da própria Igreja, imaginem então em um estabelecimento de ensino!

Ora, a qualidade do ensino se dá na medida em que ele é verdadeiro, autêntico e radical. Em filosofia são essas algumas de suas característcas mais importantes. Se uma instituição alega que isso fere o consenso, pior para ele. Não se faz filosofia sem crítica do saber. Se uma escola resolve abrir uma cadeira de filosofia, que arque com as conseqüências.

Independente de ser meu amigo, a expulsão do Prof. Francisco Peçanha do Colégio de Aplicação da UFRJ é uma afronta não só aos princípios básicos de liberdade de expressão como da Filosofia (com efe maiúsculo mesmo). Se ele ensinava bem ou mal, isso não importa na discussão: o fato é que ele foi expulso simplesmente por dizer uma série de coisas que, na visão do Colégio e dos alunos-massa, era por demais "politicamente incorreta" e/ou imprestável (como Aristóteles, Sócrates, Platão e os Pré-Socráticos, já que não cairia no vestibular, segundo um dos alunos...)

Antes de mais nada, tenho de dizer uma coisa ao leitor: não é minha intenção esquentar a polêmica, mas apenas expressar minha estranheza quanto ao fato. Não conheço os pormenores da história, porém o pouco que sei já me deu vontade de escrever a respeito.

Ortega y Gasset dizia que as massas, quando agem, só o fazem violentamente. Pois até agressões físicas o professor sofreu. A Direção não só nada fez de modo enérgico como demitiu o professor, dando aos alunos, retroativamente, razão.

O Prof. Francisco identificou naquela escola as conseqüências da pedagogia de cunho marxista. Tanto a reação da Direção quanto a dos alunos-massa, para mim, não deixam dúvidas.

Tenho amigos que pensam em dar aulas no segundo grau de filosofia. Imagino que se eles realmente quiserem dar uma aula decente, terão de arcar com coisas desse tipo (na melhor das hipóteses, uma indiferença geral). Talvez professores de outras disciplinas passem por coisa semelhante. Está cada dia mais difícil disfarçar a intolerância nas escolas e faculdades.

PS - Há na comunidade "Escola sem Partido", no Orkut, relatos sobre o ocorrido. E no texto "Diferença Radical", de Olavo de Carvalho, há uma pequena menção ao assunto.

Friday, October 14, 2005

Aplicação de selvagens e falta de beleza

Dia desses eu estava me lamentando pelo fato de não haver mais aquelas aventuras em território inóspito e repleto de selvagens de antigamente, quando um amigo meu me relatou suas agruras no Colégio de Aplicação aqui do Rio de Janeiro. Ofensas, ataques da turba, relaxamento moral, covardia da direção, tudo isso houve. Pois então eu pensei cá comigo: na falta de índios do Velho Oeste, bárbaros citas, dervixes furiosos ou repugnantes canibais, temos os nossos selvagens estudantes do secundário (sem contar os do ensino superior) - e por extensão seus rudes mestres.

Quando uso a expressão "selvagem", apenas constato o fato da civilização não ter se aprofundado na alma de boa parte dos indivíduos que está na escola - que, ironicamente, em teoria serve para lhes ensinar seus rudimentos. Aliás, não digo algo muito diverso do próprio Ortega y Gasset quando ele se referia ao barbarismo moderno. Quando você tem apenas as noções superficiais de civilização, quando você não a tem radicalmente em tua vida, então você é um bárbaro, independente da espessura da casca de saber que haja em ti.

O mais bizarro de tudo é que essa selvajaria é tão disseminada, tão reproduzida, que não seria loucura nenhuma imaginar que ela, como aliás costuma haver em qualquer tipo de loucura, é metódica. É um fato presente demais para ser um simples acaso: daí essa sua característica moderna - e "técnica". Há mesmo professores e teóricos que dão seu sangue em prol dela. Pois como explicar que normalmente, ao contrário das expectativas de qualquer indivíduo minimamente sensato, o sujeito saia mais burro, perigoso e selvagem da escola que antes de ter entrado? Como explicar que num tempo em que tantos freqüentam escolas, nunca houve gente mais tola e sem-educação quanto agora? Não era para ser precisamente o oposto?

Vou me explicar melhor. O problema não é a nossa notória indolência, nem o nosso temperamento cordial, nem o nosso caráter frívolo e/ou festeiro. Neca de pitibiriba. Se essa fosse a questão, então ninguém olharia para o passado a fim de relembrar dos nostálgicos tempos em que, segundo os mais velhos, as escolas eram boas (ainda que sempre achemos o passado melhor): sempre teria sido como hoje em dia. Mas não é verdade. Essas loucuras e desordens são muito claramente atuais.

Por que as coisas estão desse modo?

Resposta: não sei dizer. Mas que é muito esquisito, é.

Porém ao menos essa situação vexatória serve como experiência interessante, pois assim dá para termos uma pálida idéia do tipo de coisa que os missionários portugueses tiveram de enfrentar durante a catequização dos índios, ou assim podemos imaginar como se comportavam as tribos germânicas pré-romanização e pré-cristianismo. A substância, definitivamente, é a mesma. A originalidade é o fato de ser sistemática a transmissão da loucura, como uma doença contagiosa. Numa palavra: sistematicamente idiota. E tem gente que até se orgulha disso...

***

A Cris, do blog Ego Confession, disse: "Cada dia que passa eu tenho mais vontade de me enfiar num filme do Fred Astaire ou num dos desenhos dos Jetsons." Ela não é a única... Eu mesmo já me imaginei cerca de cento e trinta e duas vezes em um mosteiro. Não haveria monges dançando na chuva ou pilotando carros voadores, mas é, no meu estranho ponto de vista, algo equivalente.

Aliás, o ambiente ao nosso redor é projeção de nosso espírito. Mesmo quando as circunstâncias nos são desfavoráveis é possível fazer o bem. A arte, por exemplo, não tem a sua medida de grandeza no fato de vencer a resistência da matéria inerte a ponto de transformá-la em coisa quase espiritual, uma espécie de reflexo da alma do artista? E que é o senso poético senão uma forma de transcendência da precariedade deste mundo? Ora, onde faltam o senso poético e a arte o caos e a matéria bruta imperam. Sendo assim, pelo menos a minha cidade, o Rio de Janeiro, está assim tão caótica e brutal (numa palavra: feia) porque tem faltado a nós cariocas um mínimo senso poético e artístico. Nosso espírito tem comido muito pó ultimamente.

Onde faltam Astaires, abundam Cidades de Deus.

***

Um assunto está relacionado intimamente ao outro, porque onde impera a selvajaria, falta a beleza. Se nosso espírito é selvagem, como nosso ambiente poderá ser belo? Não, pelo contrário: é essa feiúra de doer que costuma nos agredir assim que colocamos nossos pés para fora de casa. Melhor dizendo, nem dentro de nossas casas estamos a salvo. Basta ligarmos a tv ou o rádio para sermos chicoteados pelo mau gosto. Ou mesmo basta irmos até a janela e nos depararmos, atônitos, com um vizinho enorme de gordo fazendo polichinelo ao som de música sertaneja. Eis o bravinho novo mundo.

Não sei dizer qual a solução para um mal tão enorme. Da minha parte, sigo o lema do Chapolim Colorado: "Siga-me os bons!" A imitação dos bons é um fruto que certamente dará bons resultados. Isso implica em saber escolher. Qual é o critério? Talvez experimentando de tudo e ficando com o melhor. Não é assim a nossa vida? Então nada melhor que nos educarmos da mesma maneira que vivemos. É ao menos a minha idéia e o que tento fazer, se bem que toscamente.

Wednesday, October 12, 2005

Há moças que não conhecem Johnny Depp

Eu ia escrever sobre a razão do mundo ter sido criado e qual a finalidade última do homem, porém algo mais urgente me incomoda, algo que desnorteou meus padrões a respeito de garotas e que vale a pena registrar. É que conheci um grupo delas que nunca, jamais ouviu falar em Johnny Depp (na melhor das hipóteses "se lembrava vagamente").

Johnny Depp! Para mim, toda garota (menos a minha amiga Rosselline, sabe-se lá Deus o motivo) adorava aquele sujeito. E para minha professora de inglês também. Tanto é que, durante a aula de sábado passado, mostrando a foto do ator, perguntou só para as garotas quem era ele. Silêncio. Eu, que havia dormido uma horinha apenas na noite anterior, achei que estava sonhando. "Mas vocês não lembram quem é ele?", ela perguntou. Juro que vi três pontinhos saindo da cabeça de cada uma das moças. "Mas não lembram dele em nenhum filme?", foi a outra tentativa da professora. Nada. Sobrou para mim a tarefa hercúlea de responder, até porque o outro homem da sala era um senhor de idade, o qual, presumivelmente (e depois admitido pela sua própria boca), jamais havia visto tal gajo. "É o Johnny Depp", respondi. As garotas riram, porque antes a professora disse que todas elas saberiam responder. "Pronto, já vão achar que sento na mariola", pensei. Sorte que eu estava com a barba por fazer.

A professora tentava lembrar alguns de seus filmes, mas não conseguia. Lá fui eu ajudar: "Do Inferno, Piratas do Caribe, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça..." Alguém subitamente associou nome e imagem e lembrou de A Fantástica Fábrica de Chocolates.

É verdade que não contribui em nada para a inteligência saber quem é aquele cara. Por outro lado, estou tão acostumado a ouvir que aquele ator é lindo, maravilhoso, etc, que estranhei muito quando um grupo de garotas nem suspeitou quem ele era pela foto. Talvez a partir daí passem a compor o longo fã clube de Johnny Depp, não sei.

PS - Pelas minhas contas, nesses últimos seis anos fui conhecendo, cada vez mais admirado, um pouco melhor as mulheres. Marcos atrás de marcos fui conquistando, como um alpinista que só a duras penas escala o monte imenso e difícil. É claro que meus anos de formação na matéria, dada a sua natural complexidade, ainda estão muito longe de terminar, porém, quando olho para trás, inevitavelmente acho graça dos meus antigos pensamentos a esse respeito. Mas o evento do sábado passado em nada se inclui profundamente nisso. Foi apenas algo curioso.

Sunday, October 02, 2005

Autores impossíveis de encontrar ou que quase ninguém conhece

Aproveitando o gancho do outro post, aproveito para dizer que há uma classe de autores aqui do Brasil cujas obras simplesmente estão no limbo, ainda que sejam importantes e provoquem alvoroço só de serem mencionados.

Façamos eu e você, bondoso leitor, uma pequena digressão. A Idade Média: não é segredo para ninguém a dificuldade que havia para se conseguir algum livro naquela época. Seja São Francisco de Assis, por exemplo. Aquele santo homem não tinha acesso a toda a Bíblia. Ele a tinha em fragamentos e os compartilhava com seus companheiros, de modo que todos pudessem realizar a piedosa leitura do Novo Testamento em pedaços, mais ou menos como fez há muitos séculos atrás aquele outrora legionário e posteriormente santo, São Martinho de Tours, ao rasgar seu manto para dar a metade ao pobre. Pelo contrário, hoje não precisamos em geral passar por tais dificuldades. Aliás, eu mesmo, enquanto escrevo essas linhas tortas, tenho uma bíblia enorme numa prateleira atrás de mim, e me dou ao luxo de ter uma outra, protestante, ali ao lado, e sem contar a Vulgata e a Bíblia de Jerusalém que estão aqui no meu HD. Não faltam os meios para milhares de publicações, mas disso decorre a superabundância de porcarias. Chega a ser incrivelmente pecaminosa e despudorada quantidade de publicações que hoje há, uma espécie de hybris literária! Mortimer Adler dizia que dos milhares de livros que são atualmente publicados, pouca coisa prestava mesmo para uma simples leitura, e menos ainda para outras subseqüentes. Gustavo Corção dizia com outras palavras a mesma idéia: há livros demais no mundo.

Porém há poucos, inacreditavelmente poucos, do próprio Gustavo Corção. Quem quer que goste daquele autor e resolva caçar suas obras terá a sensação de estar subitamente de volta à Idade Média. Por que eu digo isso? Será que eu fiz uma alusão sutil ao seu livro "O Século do Nada", onde em certa altura ele nos diz que o século XIII foi o mais glorioso da história? Pior: será que eu estou na verdade sutilmente dizendo que ele é um retrógrado, um reacionário? Nem tanto nem tão pouco. O problema é justamente o mais básico, é encontrar seus livros.

Alguns deles podemos encontrar sem problemas, como "Lições do Abismo" e "A Descoberta do Outro". Outros são mais complicados, como mulheres que fazem questão de preservar sabe-se lá que mistério, como "As Fronteiras da Técnica" e "Conversa em Sol Maior". Mas há aqueles que são uma espécie de Graal. Me refiro especialmente a três: "As Descontinuidades da Criação", "Dois Amores, Duas Cidades" e o já citado "O Século do Nada". Deus do céu, onde eles estão?

Os dois primeiros são, se não me falha a memória, da década de sessenta; o último é dos idos de setenta. Suspeito que há apenas uma miserável edição de cada. E o pior de tudo é que naqueles três há uma espécie de compêndio da mais vigorosa crítica filosófica (e da civilização moderna) feitas pelo Gustavo Corção, de maneira que não lê-los equivale a conhecer suas mais vigorosas idéias um tanto indiretamente, apenas por deduções. É uma lacuna terrível. Daí que a pergunta que naturalmente brota desse fato seja a seguinte: se são livros tão importantes, e mesmo de alto nível, por que raios não são reeditados? Minha resposta: não sei. Ou melhor, desconfio, mas é um assunto para outra ocasião.

Não menos bizarra é a situação do Olavo de Carvalho. Para alguém que é tão conhecido nos meios intelectuais tupiniquins, é no mínimo bizarro o fato de praticamente todos os seus livros estarem esgotados há tempos. Sobre isso me vem à cabeça um bordão: "quem comprou comprou, quem não comprou não compra mais". Talvez com a ilustre exceção de "O Jardim das Aflições", o leitor que quiser buscar pelos livros do filósofo acabará infelizmente chupando o dedo. Ora, isso acaba criando uma situação paradoxal: até que ponto ele é conhecido, se todos os seus livros são tão difíceis de se achar? Logicamente a pergunta vale também para Gustavo Corção.

Tanto Gustavo Corção quanto Olavo de Carvalho acabam se tornando, dadas as circunstâncias "medievais" de suas publicações, escritores de "dupla face": há aquele que o público em geral conhece pelos artigos de jornal ou pelo ouvir dizer - que é o escritor "exotérico" - e há aquele conhecido por um reduzido grupo de estudantes e estudiosos que tem acesso a todas as suas obras (ou pelo menos às principais) - que é o escritor "esotérico". Levando-se em consideração que tanto um quanto outro não possuem nenhum tipo de ensinamento secreto, então é claro que ambos viraram uma espécie de escritor de "dupla face" não porque quiseram, mas por causa da reação hostil que de uma maneira ou de outra provocaram e ainda provocam em nosso país. Sim, hostis, porque não é segredo para ninguém o tipo de hostilidade que ambos receberam, o que torna mais absurda a questão, pois se quase ninguém conhece de fato suas principais idéias, por que tanta reação animalesca e desproporcional? Por que tanto azedume, a ponto de por exemplo no Orkut criarem várias comunidades insultando o filósofo? Por que várias pessoas, quando se referem ao Corção, fazem caretas? Sendo pessoas tão díspares e de tão variadas influências intelectuais, o que ambos têm que desagrada a tanta gente?

Sim, meus amigos, há um motivo em especial, o qual engloba ainda muitos outros autores - e não necessariamente nacionais. Dei apenas como exemplo aqueles dois. Tal motivo está além do já notório problema do volume incomensurável de lixo que sai do prelo, inunda as livrarias e deságua na mente do infeliz leitor, devastando sua inteligência e finalmente criando uma barreira de entulho entre ele e as obras de real valor. É verdade que isso faz parte do problema. Mas não será agora que tratarei de buscar uma explicação para esse desconcertante fato. Que você guarde apenas o seguinte: o que era uma deficiência (em certo sentido uma feliz deficiência!) da Idade Média, hoje é praticado de forma metódica aqui no Brasil, de maneira que uma série de valiosíssimos autores são arremessados no limbo, enquanto superabundam outros de duvidosa procedência e de má catadura. E me calarei sobre o tipo de formação que conseqüentemente recebemos.

Saturday, October 01, 2005

Em busca de "Dois Amores, Duas Cidades"

Peguei meu capuz e minha espada e saí a buscar pelo meu prêmio, "Dois Amores, Duas Cidades". Ô livro difícil de encontrar, já faz anos que procuro, procuro... e nada.

Pois se o leitor deduziu, a julgar o início deste texto, que eu o encontrei, está enganado! Novamente minha busca foi infrutífera, se bem que, da mesma forma que já dizia o bordão "Deus escreve certo por linhas tortas", acabei encontrando outros livrinhos que parecem ser interessantes.

Na verdade, acho divertido sair em busca de livros em sebos, mesmo se o lugar parecer mais uma fachada para algum tipo de atividade criminosa. Tinha um sebo assim na esquina de uma rua aqui perto mas que esqueci o nome - é a da sede da Polícia Civil - com uma outra rua que também não lembro como se chama, embora eu passe por ali com uma freqüência absurda. (Tenho um problema terrível com nomes de rua, embora eu saiba, por experiência, como chegar em tal e tal lugar, como os ratos e demais criaturas.) O lugar era parcialmente devastado e os indivíduos ali dentro tinham má-catadura, além de, logo na entrada, ter sentado um traveco velho. Que lugar esquisito. Mas isso foi há anos, porque hoje em dia aquilo virou um sebo decente - onde aliás comprei uns dois livrinhos.

Já esquadrinhei o Centro da cidade - talvez exceto um ou outro lugar que eu tenha me esquecido - sem encontrar o dito livro. Mas a cidade é grande, há vários e vários sebos - ou supostos sebos - por aqui. Minha cruzada então continuará, pelo menos até eu voltar a ter dinheiro, pois gastei tudo hoje.

Ah sim, eu já ia esquecendo o propósito deste post: se alguma alma caridosa souber onde estão vendendo "Dois Amores, Duas Cidades", de Gustavo Corção, dois volumes, editora Agir, por favor acene de modo educado. Se for leitora caridosa e solteira, me caso na hora. Se leitor, um muito afetuoso porém não efeminado abraço já basta. Bom dia.