Monday, May 09, 2005

Meierloslayet

Meierloslayet Mirleiekovithc Zaparouksini foi um bebezinho tão bonitinho que infelizmente sofreu para sempre as conseqüências dos milhares de apertões que sua tenra bochechinha recebia. Além desse problema, nunca mais sua língua produziu um só movimento. Enrolou-se para o resto de sua existência após as cinco primeiras vezes que tentou pronunciar seu próprio nome.

O coitado morava no Pará e cavalgava um jacaré. Foi batizado por Juceicler e Adamolina. No dia do batismo, Juceicler, que estava bêbado, não conseguia dizer o nome que queria para o filho. Misturou tanta coisa no nome e pronunciou tão mal que o tabelião, impaciente, escreveu qualquer coisa. Saiu o que saiu.

O jacaré era amigo de Meierloslayet desde seu nascimento. Também era muito chegado aos seus pais, tão chegado que surgiam burburinhos sobre aquela relação. Teve gente que dizia que nove meses antes do bebê nascer o jacaré foi mostrar para Adamolina sua casa na beira do rio. E sempre que diziam isso, riam pelo nariz, estalavam os dedos e soltavam, inevitavelmente, um “êta porra, meu deus!” Os anciãos (não-alcoólatras) achavam tudo aquilo um absurdo. Os bebuns riam e chamavam Adamolina para beira do rio, querendo mostrar seu fumo. Juceicler ficava indignado. O jacaré também. Chegou a comer uns dois ou três bêbados.

O bebê virou homem após alguns passeios do Sol. Com 24 anos parecia uma quimera, pois lembrava um bode e um buldogue. Até babava enquanto falava. E com a idade de 27 anos morreu forçando a língua para que soltasse ao menos uma vez todo seu nome.

Quanto ao jacaré, bom, fizeram sapato dele. Foi no dia que visitou um bordel no Rio de Janeiro. Na época ele estava foragido pelo que fez com aqueles dois ou três bêbados. Enfim, o travesti – que lástima para toda a tua prosápia, ó jacaré! – o embebedou e o deu para o velho do curtume, sempre disposto a gastar seus vinténs naquele antro. Mais tarde, a polícia prendeu o travesti. O caso ganhou certa notoriedade.

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