Era uma vez uma pessoa que, devido ao constante calor do Rio de Janeiro, derretia. Primeiro foram os pés e pernas, em seguida o tronco e os braços. Mas a cabeça não derreteu, graças a uma arte engenhosa: havia espaço na geladeira. Viveu desse modo na casa do irmão, pois afinal de contas, como uma cabeça entraria por lá sozinha, e como cuidaria de si mesma?
O único problema foi quando, em certo dia, um amigo de seu irmão abriu a geladeira e viu a cabeça lá dentro. Assustado, fingiu que esquecera de alimentar seu alce de estimação (infelizmente, ele não era bom para dar desculpas de improviso) e saiu, telefonando em seguida à polícia, dizendo que seu amigo havia matado alguém e deixado a cabeça na geladeira. Quão cômico, meu deus, não foi quando a polícia por lá chegou e, após momento tenso, viu que tudo não passava de mal-entendido! Todos riram até não poder mais, inclusive o sujeito da geladeira.
Dentro da geladeira ele viveu para sempre, ao redor de muita comida e bebida, principalmente sorvete napolitano, e vez ou outra lia um livro, artifício assaz complicado, já que apenas uma cabeça não consegue virar uma página de maneira adequada. Que o leitor tente ler um livro sem o auxílio de nada mais além da própria cabeça para saber quão difícil é.
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