Eis que, pela estranha imaginação do escritor destas linhas, Cícero (sim, Marco Túlio Cícero, o eminente romano) é transportado para a atualidade deste nosso belíssimo país. Ora, que seria de nós se aquele homem, vivendo bem nestas plagas, descobrisse as sórdidas ligações entre o PT, as FARCs e outros grupos terroristas, que teriam como fim a revolução, não apenas no Brasil senão em toda a América Latina e quiçá no resto do mundo? Então, em sessão do senado, Cícero entraria e, encontrando José Dirceu, eis que, com postura altiva, pediria a palavra e, olhando bem nos olhos de Dirceu, em tom grave dispararia no plenário:
Até quando, José Dirceu, abusarás de nossa paciência? quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento? onde vai dar consigo tua desenfreada insolência? É possível que nenhum abalo te façam nem as sentinelas noturnas de Brasília, nem as vigias da cidade, nem o temor do povo, nem a uniformidade de todos os bons, nem este seguríssimo lugar do Senado, nem a presença e semblante dos que aqui estão? Não pressentes manifestos teus conselhos? não vês a todos estes inteirados da tua já reprimida conjuração? Julgas que algum de nós ignora o que obraste na noite próxima e na antecedente, onde estiveste, a quem convocaste, que resolução tomaste? Oh tempos! oh costumes! percebe estas coisas o Senado, o presidente as vê, e ainda assim vive semelhante homem! Que digo, vive? antes vem ao Senado, é participante do conselho público, assinala e designa com os olhos, para a morte, a cada um de nós. E nós, homens de valor, nos parece ter satisfeito à República, evitando as suas armas e insolência! Muito tempo há, José Dirceu, que tu devias ser preso por ordem dos supremos magistrados, e cair sobre ti a ruína que há tanto tempo maquinas contra todos nós. Porventura, na antiga Roma, o insigne P. Cipião, Pontífice Máximo, não matou a Tibério Graco, por deteriorar um pouco o estado de sua república? e nós havemos de sofrer a José Dirceu, que com acordos escusos com as FARCs e outros terroristas quer assolar nosso país e a América Latina? Passo em silêncio aqueles antiqüíssimos exemplos, de quando, também em Roma, C. Servílio Ahala matou com suas próprias mãos a Spúrio Mélio, que procurava introduzir novidades. Houve antigamente na história dos nossos antepassados esta fortaleza, de reprimirem homens de valor com mais severos castigos ao cidadão pernicioso que ao cruelíssimo inimigo. Temos pois já contra ti, José Dirceu, decreto veemente e severo; não falta conselho à República do Brasil; nós, abertamente o digo, nós somos os que faltamos.
O discurso não pararia por aí, mas sim a minha imaginação. Basta o leitor ler a Primeira Oração de Cícero contra L. Catilina, tendo a boa vontade de fazer as devidas adaptações para o nosso contexto. Pena que isso ficará apenas no mundo das idéias. E até, boa noite.
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