Hoje à tarde fui à faculdade de Letras da UFRJ. Perto de sua entrada há uns quadros abstratíssimos, os quais me fizeram, de supetão, lembrar de certas coisas que o Carlos escreveu dia desses. Aliás, por falar em arte, será mesmo verdade que pediram para que alunos de Belas-Artes de uma universidade qualquer analisassem uma pintura feita por um chimpanzé, claro, sem que soubessem deste pormenor, e que muitos deram comentários até mesmo filosóficos? Contaram para mim isso faz muito tempo e nunca mais esqueci.
Mas minha ida àquela biblioteca não serviu apenas para digressões acerca da arte contemporânea. Sempre que vou ao campus da UFRJ lá no Fundão fico pensando também sobre a questão da Ilha dos Bem-Aventurados. Segundo Platão, é para lá que os justos vão depois de morrerem. Mas Aristóteles, nalgum diálogo de juventude, considerava a própria Academia como uma espécie de Ilha dos Bem-Aventurados, no sentido de todos ali se reunirem a fim de se dedicarem a mais ilustre maneira de viver, que é a dedicada à filosofia. E não apenas por isso: ali reunia-se também muita gente altamente capacitada, ligada pela amizade uns com os outros e pelo amor ao saber.
Ora, que seria a Universidade senão uma Ilha dos Bem-Aventurados, separada fisicamente da celeuma dos habitantes da cidade, com o intuito tão-só da dedicação ao saber, num clima de verdadeira confraternização entre seus membros? Daí que ela não deva ser apenas mais um lugar de ensino, mas o centro de ensino por excelência.
Não há um dia sequer que, ao passar por lá, eu não pense nisso. No entanto, a julgar pelo que costumo ver na UFRJ, parece que ela está infestada de mercadores disfarçados de alunos e professores, somente para criar azáfama. Nada mais distante da Universidade.
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