Às vezes fico pensando se o governo de Sua Majestade sustentaria as mulheres que James Bond porventura engravidasse em suas missões. Mas nunca ninguém engravida. Bom, supondo que engravidassem, pela perfomance do agente secreto em suas missões julgo que daria para a Inglaterra fundar pelo menos uma nova cidade.
Mas 007 sabia se precaver, sabe-se lá como. Talvez fosse questão de sorte - sim, ele a tinha demais -, ou algum invento do Q que impedisse que as bond-girls engravidassem. Uma coisa é certa: levando-se em consideração o Labour Party, na certa iam dar um seguro social a todas elas, e já imagino o golpe das bond-girls, querendo ter um filhinho só para conseguir uns trocados e cidadania inglesa.
O fato de algo assim me intrigar não é o único motivo de eu gostar muito dos filmes do James Bond. Aliás, para mim é inconcebível que não gostem dele, mesmo quando apontam as falhas de roteiro, cenários bregas e cafonas, mentiras deslavadas, etc, etc. Nem todos os filmes dele são assim (ou melhor, só assim), e mesmo os que são se tornam, quando a gente pega tudo isso em conjunto, as coisas mais divertidas, ainda que às vezes constrangedoras... Em suma, é um daqueles filmes de ação divertidos, e sinto falta quando não há um vilão singularmente demente, cafona, megalomaníaco, com um braço-direito doido, ou quando não há uma forçação de barra tremenda.
James Bond é um personagem muito legal. Viaja por todo o mundo, namora as mulheres mais lindas, tem as geringonças mais modernas e inventadas por Q, adora jogar em cassinos, tem um senso de humor legal, às vezes bizarro, é um super-espião super-treinado, e, acima de tudo, está sempre salvando o mundo a serviço de Sua Majestade. Ah, e eu já ia me esquecendo: ele adora uma vodka Martini batida, não mexida (há um monte de sites explicando inclusive a diferença entre um e outro tipo). Do ponto de vista sumamente mundano, é o herói perfeito.
Ian Fleming, sujeito que criou tudo isso, era do serviço secreto britânico, no setor responsável pela segurança externa, MI-6 (Military Inteligence, Section 6). Filho de um major que foi morto na Grande Guerra, Fleming estudou na Universidade de Munique, tendo antes passado pela Academia Militar. Tinha facilidade para línguas. Trabalhou também como jornalista, e no período da Segunda Guerra serviu como oficial de elevada patente na Royal Navy no setor de Inteligência, retornando posteriormente ao jornalismo.
Foi exatamente um sujeito com experiência no mundo da espionagem e jornalismo que criou as histórias mirabolantes de 007. Ninguém pode portanto dizer que Fleming, do qual nunca li nenhum livro mas tenho grande vontade de conhecer algum, era um intrometido dizendo coisas malucas e fantasiosas sem conhecimento de causa. (Aliás, Paulo Francis disse certa vez que, em relação ao sexo, os filmes são água com açúcar se comparados com os livros, porque segundo Francis os filmes foram feitos tendo em mente o público dos EUA, bastante puritano.)
Mas por que enfim 007 se tornou tão famoso? Alguns motivos eu já dei: seu carisma, suas viagens pelo mundo, seus vilões megalomaníacos, as bond-girls maravilhosas, etc. É um filme de ação que explora direitinho o que há de mais "espetaculoso" no mundanismo: a cobiça e a luxúria, com muita classe (de um jeito caricaturado ou não), ao redor de cassinos, Martínis e paisagens pitorescas. Além do mais, os vilões não tem um tipo de cobiça qualquer, mas querem geralmente colocar o mundo de joelhos, nem Bond namora uma mulher qualquer, mas só as mais maravilhosas – sempre para cumprir seu dever para Sua Majestade. E - lá vou eu me repetir - aquelas geringonças de última tecnologia são tão legais que se tornam quase uma personagem coadjuvante: sempre elas têm de aparecer, sempre com nova roupagem - e por tabela Q, e agora esse outro que o sucederá.
Só me resta dizer alguma coisa sobre o pessoal que já interpretou 007. Sean Connery era o melhor por causa de sua presença - como eu poderia dizer? - máscula na tela. Grande, rosto quadrado e de marcas fortes, porém sofisticado e sabendo passar a ironia do personagem, conseguiu juntar tudo isso muito bem. Roger Moore conseguia ser ainda mais irônico. Foi o mais "gentleman" dos 007. Timothy Dalton não conseguia imitar nem a ironia nem o atletismo, foi o pior (só vi dele o Licence to Kill, que também em nada o ajudou - filminho que quase afundou de vez a série -, diga-se a verdade, parecendo uma versão um pouquinho mais sofisticada de Desejo de Matar). Pierce Brosnan, embora não chegasse aos pés de Moore e Connery, assumiu muito bem o papel, talvez sendo um dos James Bond mais charmosos. Do restante não posso dizer nada, porque não os vi.
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