Minha mãe sugeriu que eu entrasse para o Exército, sob influências de minha tia, que por sua vez tem dois filhos na Aeronáutica. O argumento materno é o seguinte: 1) trabalho público é estável; 2) não haverá necessidade de perseguir bandidos; 3) o Exército é uma mãe para quem está lá dentro; 4) por conseguinte, é uma maneira tranqüila de ganhar dinheiro honestamente.
Bem, entendi o argumento materno em outras palavras: 1) é um dinheiro público gasto à toa; 2) qualquer idiota se presta para aquilo (ou seja, aparentemente estou incluso); 3) é uma relação de inutilidade profissional e salário razoável; 4) por conseguinte, é mais uma maneira de ganhar dinheiro sem fazer nada de produtivo. Logicamente, minha mãe não gostou nada da minha interpretação.
Não me perguntem a respeito de organização logística, apoio financeiro, legislação e coisas análogas sobre o Exército, mas o esquema mental que tenho em relação às Forças Armadas é o seguinte: 1) elas existem para defender o povo em situações em que a polícia não é suficiente; 2) chegamos a uma situação drástica, na qual a polícia não parece estar em condições de defender o povo; logo ......... (espaço para o leitor completar o meu raciocínio).
Qualquer conversa para definir antes muito bem quem é o inimigo contra o qual deve-se lutar é, para mim, conversa sobre o nada, algo seinfeldiano. Se depois de vinte anos de guerra contra o tráfico de drogas ninguém souber direito contra quem está lutando, então somente podemos concluir que estamos cercados de gente idiota em questões de segurança pública. E se querem continuar enrolando, já basta a minha ilustríssima pessoa para isso, ao invés de sustentarem toda uma instituição de sujeitos incompetentes. Então, se a população - eu, o leitor e adjacências - está cercada pela violência de traficantes alucinados, mas as Forças Armadas, enquanto policial morre às pencas, negam-se a defendê-la, então só posso concluir que está se acovardando e sendo um dispêndio totalmente inútil para os cofres públicos. Serve apenas para causar comoção nas mulheres que adoram homens fardados ou para enfeitarem as ruas em paradas militares, da mesma forma que os exércitos do Xá no século XIX, segundo os europeus.
Claro (para mim, o que também é claro, e para mim também...) que não estou reclamando da validade das Forças Armadas enquanto instituição. Pois afinal de contas, quem foi que salvou o Brasil? Mas parece que, do jeito que está, elas não fazem jus às suas responsabilidades. E igualmente claro (para mim... O leitor já sabe o resto...) está que a má vontade de políticos (leiam, por favor: PT e siameses) acerca do envolvimento das Forças Armadas em operações ostensivas em favelas (e mais onde for necessário) tem um efeito paralizante nesta solução.
Portanto, se quisermos um Exército que sirva como enfeite em paradas militares, ok, mas que os militares não reclamem quando cortarem seus orçamentos ou quando forem taxados de inúteis. E fico triste em saber que o grau de periculosidade no exercício dos soldados das Forças Armadas é tão grande quanto fazer tricô em casa, mas parece que muita gente vê nisso não uma afronta, porém um motivo de orgulho e garantia de tranqüilidade ao se imaginar soldado.
Como iniciei este texto mencionando minha mãe, com ela o fecho. Desculpe, mãe, porém estatais que tratam seus funcionários como filhinhos - como toda estatal o é -, já bastam as outras. E suponho que nem todo mundo gosta de ser infantilizado - senão apenas e como um fato consumado pelos pais naturais, já que aos olhos desses os filhos nunca conseguirão deixar de fazer caquinha na fralda...
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment