Sunday, March 27, 2005

Mais dois blogs no "Parada Obrigatória"

Acrescentei no Parada Obrigatória dois blogs muitos bons, o do Nogy e o Despoina Damale. Farei um comentário rapidíssimo sobre ambos.

No Despoina Damale li que na tradução de Nenhuma Paixão Desperdiçada, de George Steiner, disseram que "Agostinho, em uma passagem famosa, registra o fato de seu patrão, Amboise, ser o primeiro homem que ele via ler sem mover os lábios". Animus meminisse horret, já pôs na boca de Enéias Virgílio na Eneida, e faço coro com ele quanto a esta tradução tenebrosa. Mesmo se o leitor nunca tiver lido o original, o bom-senso serve como guia. Coincidência ou não, esta semana mesmo - ou semana passada, não lembro -, eu estava comentando para minha mãe sobre esta mesmíssima passagem das Confissões. Se Sto. Ambrósio era patrão de Sto. Agostinho, e a julgar que este aderiu de vez ao cristianismo graças àquele, então que maravilhoso salário Sto. Agostinho recebeu daquele homem! Noutro post, foi particularmente delicioso saber, tão bom quanto receber uma flechada no ombro, que tem gente, em universidades, que acha que a música clássica é um "maldoso passatempo dos compositores daquele tipo de música para confundir a cabeça dos não informados sobre o assunto". Imaginem a cara indignada dos doutores que disseram isso caso estivessem ouvido, como eu cá estou agora, o último quarteto de cordas de Beethoven, composto quando ele estava completamente surdo. Uma belêuza, craro.

O blog, como o próprio autor diz, é seu "particular oasis, mas está aberto aos companheiros de viagem". Ainda estou fuçando seus vastos arquivos e já deu para encontrar muita coisa boa.

Por fim, quanto ao Nogy, ora, leiam tudo: há por enquanto apenas alguns post, mas todos ótimos. Pior que ele escreve direito sobre algumas coisas que eu esboço terrivelmente mal na minha cachola confusa, como por exemplo Da Virtude como Cosa Mentale
, ou Tempos Modernos, que chama bastante atenção: frases curtas e incisivas, demonstrando o código de conduta que o policamente correto quer de nós, revelam quão patético e aviltante ele é para uma pessoa. No entanto, conforme a primeira frase do texto, "não se fazem homens como antigamente". É então uma mistura de indignação e melancolia com esta situação. É bem provável que muita gente (e eu incluso), que apenas vagamente já pensou no assunto, acabe por se identificar com ele. Vale a pena lê-lo.

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