Nessa semana li "O Paraíso Sexual-Democrata", de Janer Cristaldo, que conta como é a Suécia - aliás, era, porque o livro é dos idos da década de 70. Indico-o ao leitor deste blog porque ele foi escrito de forma bem objetiva e sem puxações de saco, seja para o lado dos adoradores da Suécia, seja para os inimigos. Foi escrito, diga-se de passagem, de maneira bem inteligente, a julgar o que um Gabeira já escreveu sobre o assunto. (É verdade, tal comparação não é mérito para ninguém, mas o valor da análise de Janer Cristaldo, exceto quando faz equivocados comentários sobre o Catolicismo, é mesmo interessante.) Mas o saldo está, a meu ver, mais para quem fica com o pé atrás com aquele país, ainda que as pessoas vivam, em geral, de modo incomparavelmente muito mais confortável do que aqui.
E não poderia deixar de ser assim. Não sem razão, Janer várias vezes relembra o funcionamento de sociedades segundo vários livros do tipo "Admirável Mundo Novo", onde o controle do Estado é perfeito. O governo sueco pode, não sem exagero, ser considerado o perfeito controlador social. Onde a URSS, Cuba e países do gênero pecaram pela brutalidade, a Suécia primou pela calma astúcia, o que não deixa de ser admirável, já que os suecos têm a fama de ingênuos e desprovidos de senso de humor. Aliás, tão perfeito é este controle que o próprio Estado incita protestos - contra outros. Antes com os outros que conosco, é a sua filosofia bem pragmática. Exemplo: incentivos à países tais como o Vietnã, na época em guerra contra os EUA, através de passeatas e donativos públicos e privados vultuosos. E até contra o Brasil havia gente disposta a lutar - desde que houvesse garantias legais para não ser preso e torturado... Não estou brincando, havia quem raciocinasse desta maneira. E o autor esclarece que isso não é nenhum pouco estranho do ponto de vista de um sueco, na verdade é sintomático, porque Svensson está acostumado a ser cuidado em tudo pelo Estado onipresente, até mesmo em suas reivindicações aparentemente subversivas. Daí que ele até vai para a guerra, mas só se o Estado cuidar dele na frente de batalha.
Tenho mais coisas a dizer sobre este livro, mas deixo para outra ocasião. Só quero ressaltar que vale a pena lê-lo. E antes que eu me esqueça, sim, toda essa história de liberalização sexual começou e foi amplamente difundida por lá, e o mais lindo de tudo, como uma medida fundamentalmente política. Com trinta anos de atraso chegam os reflexos aqui no Brasil, e mesmo assim cheios de "senões". Mas este assunto fica para uma outra ocasião.
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