Thursday, September 01, 2005

Eutanásia nos outros é refresco

Já aparecem notícias sobre um pai que quer pedir à justiça a eutanásia do filho. (Aliás, pena de morte todo mundo é contra, mas aborto e eutanásia, pelo visto, não são um problema. Se o Estado não pode executar criminosos condenados, então com que direito ele pode permitir que inocentes sejam mortos?) Será a versão nacional do caso Schiavo.

Havendo coisas dessa espécie, não deixo de pensar que vivo na época mais porca de todos os tempos. Isso porque ninguém pode dar a desculpa da "inocente ignorância", pela qual outras civilizações praticaram as mais sórdidas barbáries com a consciência mais limpa. Nada disso: já passamos por tanta coisa ao longo desses três mil anos que esse tipo de atitude hoje em dia só indica uma satânica perversidade.

Por sinal, numa época tão besta como a nossa, realmente não consigo entender por que muita gente se preocupa em esticar sua expectativa de vida até ao máximo. É como querer por livre e espontânea vontade assistir por uma semana Cidade de Deus, com direito ao mais exaustivo making of. Eu hein, que gente masoquista! Não, obrigado: esta vida já é grande o suficiente e para mim já bastam as canalhices destes anos; dispenso as apresentações do século vindouro.

Nada melhor que relembrarmos as palavras do velho Eclesiastes:

E louvei mais os mortos que os vivos: e reputei mais venturosos do que uns e outros, ao que ainda não é nado, e que não tem visto os males que se fazem debaixo do sol. (Ecl 4,2s)

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