Lembrei hoje de um rápido diálogo entre mim e um sujeito qualquer, numa festa faz um tempinho já:
Eu: Você já leu alguma coisa do Dostoiévski?
Um Sujeito Qualquer: Comecei a ler Niétotchka mas parei. Fui ficando deprimido.
Eu: Eu tô a fim de ler essa história também. Mas por que você ficou deprimido?
U.S.Q.: Porque fui pensando na minha vida e... [neste ponto os registros estão em estado deplorável em minha cachola]
Eu: Engraçado são os personagens dele, né? Um pior que o outro. Quer dizer, não que sejam horríveis no sentido de mal elaborados, mas o que eles têm de coitados... E sempre caindo bem no fundo do poço. Vai ver por isso que você ficou deprimido.
U.S.Q.: É.
Eu: Parece até que o Dostoiévski gostava do sofrimento. Devia ser um cara sofrido pra burro...
U.S.Q.: É. Mas o pouco que li dele me fez achar que ele se amarrava em gente outsider.
Eu: Como assim?
U.S.Q.: Uns caras muito loucos, pirados. Isso parece muito com Bukowski. Você já leu ele?
Eu (lembrando de um único conto, abominável, algo sobre uns caras que trabalhavam numa fábrica de espremer colhões e que terminavam transando): Só li um conto...
U.S.Q.: Pô, Bukowski é maior doidera! Ele é foda. Você tem que ler!
Eu: Ah... Quer dizer que você gosta de beatnicks?
U.S.Q.: [recordações aqui estão truncadas]
Eu (imaginando o que faz alguém comparar Bukowski a Dostoiévski, ou melhor, o que faz alguém gostar de um sujeito que escreveu um negócio tão escabroso como aquele conto): Vou beber. Bateu uma sede...
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