Olá, leitor amigo. Enquanto vou pensando em alguma coisa nova para escrever, vou postar aqui algo que enviei a alguns amigos faz um ano e pouco. Tem relação com o post anterior. E tenha um bom dia.
Quero compartilhar com todos vocês meu ócio produtivo. É algo que li faz um tempinho. Está em O Século do Nada, do Gustavo Corção. Prestem atenção em suas palavras:
Muitos poucos são os que fizeram ou realizaram a experiência de Foucault, e os que, com o olho colado à ocular do círculo meridiano, puderam verificar com aproximação cada vez maior a uniformidade do movimento angular dos "pontos do infinito" que cruzam os fios do retículo. Todos os outros que falam da rotação da Terra, de oitiva falam. De ouvir dizer e não de uma coisa vista ou diretamente ouvida. Essa grande e respeitabilíssima maioria dos não-astrônomos, o pouco que sabem de astronomia não o sabem com ciência adequada e autônoma, sabem-no por informação, por fé humana, ou por ciência pobre, inadequada e heterônoma.
Ciência autônoma é aquela que reune um acervo de fenômenos, enquanto a heterônoma restringe-se a uma teoria de interpretação. Sobre isso Corção diz mais uma coisa interessante:
E aqui cumpre notar que, embora não pareça, a primeira parte é muito mais inacesível e impopular do que a segunda, porque são poucos os que entram em confronto direto e fratero com o irmão-fenômeno, e muitos são os que lêem as notícias das sínteses teóricas, quase sempre em formas vulgarizadas e brutalizadas.
O que isso tudo quer dizer? Quer dizer que a maioria esmagadora de nós conhece ciência devido ao que estudou no primário, ginásio e secundário, mas que esse estudo basicamente se ateve à ciência heterônoma. O dado sensível geralmente é negligenciado. Assim, eu e vocês podemos provar por malabarismos intelectuais algo que não tivemos o mínimo conhecimento sensível para comprovar ou negar. É como se soubéssemos várias teorias literárias sem ter lido um livro sequer. Em outras palavras, um blábláblá.
É claro que esse blábláblá está apoiado nalguma coisa, podemos até dizer muitas verdades com ele, porém sempre será mais de oitiva, como disse Corção. Depois dizem que crentes é que têm fé numa coisa que nem entendem direito...
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