Para mim, um dos mistérios mais insondáveis do universo é entender, do ponto de vista marxista, por que Cuba exerce um fascínio tão comovente em nossa elite intelectual e governamental, bem como na América Latina. Por mais que eu tente raciocinar de um ponto de vista marxista, a única explicação que encontro é que os esquerdistas latino-americanos estão profundamente hipnotizados por aquilo que Marx chamava de "superestrutura": produção simbólica que inicialmente emerge de um dado sistema econômico mas que ao longo do tempo entra em contradição com o desenvolvimento desse mesmo sistema econômico. Contudo, seria imensamente paradoxal -- ou irônico -- que os próprios esquerdistas, que se julgam aptos a vislumbrar os reais fundamentos da conduta humana através de uma doutrina científica, fossem eles mesmo engolidos pela máscara ideológica de uma forma tão cândida. Na realidade, seria até absurdo que uma teoria que eles apresentam como suficiente apenas servisse para enganá-los de modo miserável. Ademais, seria interessante compreender até que ponto o modo de produção exercido em Cuba e as relações de produção existente por lá estão ligadas. Será que tudo o que é dito em Cuba não passa igualmente de mera máscara ideológica? Se for assim, nossos caríssimos intelectuais latino-americanos, bem como nossos governos, estão como o burro a correr atrás da cenoura, tocados por uma estrutura econômica que eles julgam entender mas sem a menor idéia do que estão falando.
Naturalmente estou me esforçando a raciocinar como um marxista, o que me levou a esse aparente dilema. Ficaria mui grato se algum marxista pudesse me ajudar.
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