Monday, December 18, 2006

Rascunho de post sobre...

Como não queria deixar a idéia escapulir, vai ela aqui toda mal-acabada e primitiva, pesando ainda por cima o acúmulo de noites mal-dormidas.

Há a melancolia, e ela basta. Se pensarmos a sério em todas as coisas, haverá um misto de desgosto e perseverança. Haverá a necessidade de jogarmos às favas um pouco da nossa pretensa importância e haverá a necessidade de nos mantermos de algum jeito firmes apesar de tudo. Não é uma questão de nos mantermos impávidos como colossos, negando tudo aquilo que provém das circunstâncias. Esta é uma idéia muito desagradável e presunçosa, e basta pensarmos na sorte do outrora todo-poderoso Colosso de Rodes ou da outrora memorável Torre de Babel para averiguarmos o quão insuficiente é semelhante coisa. O problema de fundo é, na verdade, aceitar toda uma série de restrições sobre ti mesmo e sobre o mundo, sem deixar de dar prosseguimento a tua vida até quando der. Não um prosseguimento penoso, mas com a bela sensação de pela primeira vez ter percebido como realmente tudo é, como tudo tem de ser e como tudo está em seu devido lugar. Naturalmente, portanto, tudo neste mundo parecerá inacreditavelmente belo e importante, quase necessário, expressão de alguma coisa muito verdadeira, embora talvez obscura para nós.

Tudo isso vem às custas de certos sacrifícios. Você aprende, mas aprende quase violentamente. De certa maneira, talvez isso seja um aspecto bem particular do mal, não sei. Porque embora o mundo tenha qualquer coisa de verdadeiro, ele é insuficiente. Repito: não sei.

Então tudo se passa mais ou menos como Chesterton um dia escreveu sobre a coragem e a vida. Para sermos corajosos e defendermos valentemente a vida, há de se ter um certo desprezo pela vida. Claro, ele quer dizer que ninguém arrisca a própria vida para salvar a de outro(s) se tiver um apego desmesurado a si mesmo. O que, também é claro, não implica em ser completamente temerário. Acho que em relação a tudo podemos dizer o mesmo. Porque também daremos mais atenção para a importância das coisas à medida em que delas nos afastarmos um pouco. Se você percebe a tua inferioridade, saberá bem teus limites, e assim poderá ser melhor.

Bom, ficou este post maior do que eu imaginava. Embora ainda pequeno, termino por aqui, deixando-o assim todo mal-cuidado e exposto às contradições. Inté.

5 comments:

Cassiano Farias said...

Por favor, se alguém estiver lendo este comentário, favor ouvir a Passacaglia e Fuga do Bach tocada pelo Carl Richter. Você vai se tornar uma pessoa, no mínimo, mais legal.

Anonymous said...

Hmm, será que tem no Emule? Vou procurar.

Marcio

Anonymous said...

Olá, Marcio, como vai?

Antes de mais nada, me deixe consertar o nome do cara. É Karl, não Carl.

Tomara que encontre. A versão que tive em mente é a do "Organ Recital". Tem quem não goste muito.

Na verdade, há zilhões de versões. Por exemplo, tem a do Helmut Walcha, velhinha que só. Uma outra que é maravilhosa é a do Peter Hunford em "Great Organ Works". É um negócio impressionante, extremamente imponente.

Talvez fosse legal você pegar as versõs do Richter e do Hunford e compará-las. A do Richter é mais suave, calma, meditativa. A do Hunford é como eu disse antes. São versões tão diferentes que nem parece eles que tocaram a mesma música.

Abraços, rapaz!

Anonymous said...

"versões" e "parece que eles", bem entendido. :)

Anonymous said...

feliz natal e lindo 2007 pra vc..abraços