Saturday, May 13, 2006

Criticando a marteladas

Assassinos por Natureza, ô filme escroto.

Dei uma rápida olhadela nalguns sites e li coisas magníficas: "'Assassinos por natureza' retrata a multiplicidade e a complexificação da violência, baseada na construção do mito bandido na TV etc, etc."; "'Assassinos por Natureza' é considerado um dos filmes mais importantes da década de noventa, etc etc."; "ASSASSINOS POR NATUREZA era uma viagem lisérgica, etc, etc" (observação: quem escreveu isso não estava sendo sarcástico; era um elogio); "Um filme como ASSASSINOS POR NATUREZA, de Oliver Stone, por exemplo, consegue abordar o tema nietzscheano da naturalização dos valores de uma maneira situacional, muito melhor fundada e mergulhada na coisa mesma do que muitos tratados sobre Nietzsche."

Não vou nem contar os "até que não é ruim", "gosto demais desse filme" ou "ele é super-hiper-cool" que catei aqui e acolá. O fato é que esse filme é uma bosta. É do tipo "Pulp Fiction" quanto à violência retardada, e isso me faz lembrar, meio que de longe, o "Laranja Mecânica" (dizem que "Taxi Driver" está nesse baixo mundo também, e obviamente também celebrado como filme cult por sujeitos que têm a sensibilidade de um mosquito da dengue).

O que é mais cândido é que ele se presta a ser uma crítica da glamourização do bandido. Como ele critica? Glamourizando o bandido e rebaixado quase literalmente o mundo inteiro ao nível de psicopatas por tabela. Críticas desse tipo, pela experiência que todos nós temos, só poderia vir de uma espécie de cidadão: o esquerdizóide. Sujeitos dessa classe têm o costume de deturpar a realidade e criticá-la a partir de suas psicoses. É a crítica, por excelência, do diabo: somos todos depravados, perdidos, portanto em essência maus. A maldade está repartida eqüitativamente entre nós, e o mais puro homem é essencialmente igual ao mais cafajeste. Nessa ótica tresloucada, há - que coisa paradoxal! - uma classe de gente que se considera iluminada, está acima do bem e do mal, que pode, à parte de seu lado inferior, apontar o dedo inquisidor para o homem moribundo e gritar com toda força cada um de seus mais torpes pecados, enquanto ela mesma considera que está fazendo um serviço divino, um opus dei às avessas. Eis o pacto demoníaco realizado por baixo de nossas barbas. Somente um sujeito inconseqüente ou totalmente pervertido compactuaria com uma coisa tão lamentável. Daí a impressão que tive, assistindo a esse filme, que ele parecia obra de um jovem irresponsável que julgava possuir algo interessante para nos revelar sobre nós mesmos.

Paulo Francis já dizia que Oliver Stone era retardado por causa de seu filme "JFK". Nunca o assisti, mas, a julgar pelo "Assassinos por Natureza", tenho a enorme tentação de concordar com o crítico. Bom, não serei tão radical, afinal de contas o passar dos anos às vezes nos purga de nossas tolices lamentáveis, e eu já tenho muitas na minha conta.

3 comments:

Anonymous said...

Uso o Mozilla sempre, mas por um acaso entrei aqui com o IE e... santo Deus, o que está havendo? No meio de alguns textos (vendo pelo IE) as fontes se alteravam como se estivessem brincando de gincana. Se com outras pessoas costuma ocorrer o mesmo que houve comigo, acho que esse blog não deve parecer uma das coisas mais bonitas...

Anonymous said...

Seu Puto
Será que ainda não se tocou que quando entras na internet fica incomunicável se não abrir o msn?
futebol hoje 19:30, se não aparecer a culpa a toda tua!Parece que se esconde!

Anonymous said...

Ah, esse comentário foi como ver o passado. :)