Sunday, January 15, 2006

Dia de casamento

Ontem, pela primeira vez em minha vida, fui a um casamento. Senti que estava avançando um grauzinho na participação da vida "sócio-familiar".

Ah, o casamento... Que posso falar do que vi? Um igreja pequena, modesta, mas acolhedora e linda por dentro, mais ou menos que nem a Sagrada Família na manjedoura. E que calor lá não fazia, como se ela estivesse tentando espantar definitivamente os frios ventos de qualquer ceticismo, trazendo para nós o calor das verdades únicas do matrimônio sagrado! O recinto fervia pela alegria, recinto este onde lá no alto havia escrito: "ESTE LUGAR É SAGRADO". Tenhamos sempre isso em mente quando pensarmos numa igreja, por mais modesta que ela seja, e em tudo que for divino. É uma frase que desperta naqueles que têm o divino em si temor e tremor, alegria pueril e sujeição filial. "ESTE LUGAR É SAGRADO".

Acima do altar havia, ao redor de Deus Pai, anjinhos com instrumentos musicais, certamente festejando mais que nós o sacramento. Bem abaixo, entre o céu e o submundo, havia os padrinhos bem vestidos, acertadamente mais discretos que os noivos, que em pouco tempo estarão trocando alianças, que simbolizam a imperturbável eternidade. Entre os noivos, e em frente aos padrinhos, o padre, já um senhor, como convém à imaginação para ocasiões dessa natureza, abençoava o vínculo eterno dos esposos, dizendo coisas que ninguém entende e... Ah, que importa? Todos queriam apenas que o padre terminasse logo de abençoar para que os esposos se beijassem, agora transmutados divininamente em sr. e sra... Ao mesmo tempo que o padre abençoava, muita gente falava, um falatório tremendo ao meu lado, sem contar com as célebres crianças chorando sem nem terem idéia do que faziam naquele templo consagrado em primeiro lugar a Deus, em segundo à Santa Cecília, etc, etc.

Será que o problema atual é a falta de timing para o silêncio?

Que dizer dos juramentos? Os esposos com olhos fixos um no outro, jurando, jurando, jurando... Juram até que ficarão unidos até a morte. Tem gente que diz que isso é estranho, algo falso. Pois ame, e você penhorará o universo, e ainda assim parecerá pouco. Não é um juramento em vão, porque o que está em jogo é a manutenção de um futuro lar, ainda que este atravesse as piores tribulações. No fundo, o que está havendo é Cristo dizendo aos noivos que se crerem nele, tudo será calmo e límpido. Basta seguir cristãmente a vida conjugal, basta crer nele, e todos ganharão o cêntuplo.

Depois o casal ia embora, com a mesma pompa que entrou, assim como os padrinhos e pais dos noivos. Nós, as pessoas escolhidas como testemunhas do amor, a comunidade que acolhia com prazer aquele novo casal, nós olhávamos aquele único espetáculo e desejávamos, cada um ao seu modo, em meio a sorrisos e lágrimas, humildemente um bom futuro aos recém-casados sr. e sra...

O casamento está fundado na casa, e participa da sacralidade do templo. Assim, no futuro, assim que os novos esposos fundarem um lar, eles poderão também olhar para ele e pensar: "ESTE LUGAR É SAGRADO", amém.

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