Certa vez, Stefan Zweig comentou que o Conde de Gobineau, após visitar o Brasil, afirmou que o único indivíduo racialmente puro no país era o Nosso Imperador D. Pedro II. O país tinha praticamente a população do Estado do Rio de Janeiro. E ainda que D. Pedro II causasse profunda impressão em quem achasse muito cool as teorias de superioridade nórdica (o homem tinha quase 1,90m, olhos azuis e branco até não poder mais, embora tivesse voz fina - ninguém é perfeito.), acho que no fundo o Conde de Gobineau estava fazendo aquilo que desde o mais pífio pigmeu até um nobre francês talvez não hesitariam em face de um sujeito mais poderoso: o famoso puxa-saquismo.
Mas hoje em dia, se o Conde de Gobineau visitasse nosso país, já ficaria chocado, só para começar, com o nosso presidente, Sr. Luís Inácio Molusco da Silva. Acho divertido imaginar o que ele escreveria em seu diário após uma entrevista com o Sem-Dedo.
Um país que tem quem tem como presidente não poderia ser, é claro, lá muito respeitável. Vejam o Theatro Municipal, por exemplo, se não me engano em dezembro. Eu estava passando pela Cinelândia quando, ao literalmente rufarem os tambores, em frente a uma multidão que se acotovelava em sua frente, saiu um monte de mulatos descamisados pulando de um lado para o outro. Chamam aquilo, ao que parece, de capoeira. Pois o Municipal se transformara - pelo menos a entrada - em palco de ginga de capoeiras. "Ha", pensei na hora, "imagina só o que o Conde de Gobineau diria sobre isso", e fiquei rindo sozinho, enquanto quem me via desse jeito na calçada achava apenas que eu era um bobo alegre.
Aquilo foi mesmo engraçado. Porém mais curioso foi o que um amigo meu me disse ontem. Na verdade, curioso e escatológico, porque esse meu amigo disse que, ao ver numa rua perto da minha casa um monte de cocô ao lado de uma camisinha usada, perguntou para seus botões também o que o Conde diria sobre aquilo. "Que as pessoas neste país copulam e defecam pelas ruas", foi o que meu amigo especulou. Mas quem disse que apenas essa hipótese é verossímil? O Conde poderia imaginar que as pessoas neste país defecam enquanto copulam pelas ruas desse país. Ou copulam enquanto defecam, o que dá na mesma. Bom, em todo o caso, qualquer das hipóteses é provável, pelo menos a julgar o Rio de Janeiro, que ainda querem que se torne capital do turismo.
Não é possível cogitar coisa muito diferente no país do Molusco. Aliás, a chegada mui triunfal do Molusco ao poder foi o coroamento do estrume.
Ah, Conde de Gobineau... Para você ser meu parâmetro de comparação com o Brasil ou, pelo menos, com o Rio de Janeiro, é sinal de que há algo de podre neste reino.
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