Confesso que no momento em que nosso arcebispo fez seu pronunciamento, eu simplesmente me desliguei no meio das intermináveis saudações às autoridades, quando ele virou a primeira ou segunda folha e continuou saudando-as, o que me fez lembrar da Doação de Constantino, em cujo início há tantos títulos referentes ao imperador que aparentemente a doação é apenas um detalhe no documento, e só retornei a mim nos aplausos finais. Se de fato o discurso de D. Orani foi de cerca de meia hora, então bizarramente fiquei meia hora em transe. Conforme um amigo me disse, não foi nada fácil acompanhar a litania das autoridades feitas pelo núncio, D. Eusébio e D. Orani.
Naquele domingo, por acaso eu folheava à noite meu catecismo, no qual está dito que a igreja é um excelente local para oração, mas aparentemente isso não é aplicável a certas zonas do Rio de Janeiro. Acho que foi a primeira vez em que realmente tive dificuldade de orar numa igreja no momento da comunhão, tamanha a baderna. O negócio estava tão feio que no banco à minha frente havia duas ou três pessoas que simplesmente estavam ouvindo uma partida de futebol no meio da missa. Não sei se na Idade Média havia bagunças nas igrejas -- acho que já li em algum lugar sobre gente entrando com bichos em igrejas e que isso não era raro --, mas atualmente a situação está se tornando insuportável, se é que já não o está em determinadas igrejas.
Eu só gostaria que as pessoas não berrassem na igreja, não fizessem tumultos por farra, nem que transformassem as missas numa ode à breguice e ao kitsch, mas aparentemente é pedir demais. Qualquer dia, do jeito que a banda toca, haverá lutas de sumô em plena missa, a fim de atrair mais fiéis e de tornar tudo mais intrigante.
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