Sunday, July 16, 2006

Prosa filosófica concretista

Meus amigos, vejamos que coisa bonita de se ver. É a prosa filosófica concretista. O segredo é você dizer várias coisas que parecem inteligentes, provocando um sentimento estético apropriado, mas que no fundo não signifique nada ou pouca coisa. E mesmo que tenha algum valor, a forma é mais impressionante. Aqui vai o primeiro exemplo, um clássico do gênero:

Podemos ver claramente que não há nenhuma correspondência biunívoca entre relações significantes lineares ou de arquiestrutura, dependendo do autor, e essa catálise maquínica multirreferencial e multidimensional.

O artista em questão é Félix Guattari - Maguari para o público nacional -, vindo daqui. E não custa perguntar: você viu claramente mesmo?

Agora, mais um outro. Dessa vez é Pierre Bourdieu. Esses franceses pós-década de 60 resolveram criar um idioma próprio, só pode. Eis o mestre:

As condições associadas numa classe particular de condições de existência produzem o habitus, um sistema de disposições duráveis e transferíveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, quer dizer, como princípios que geram e organizam práticas e representações que podem ser adaptadas objetivamente aos seus resultados sem pressupor um fim objetivo consciente ou um domínio expresso das operações necessário para o atingir, objetivamente 'regulador' e 'regulado' sem ser de qualquer forma o produto de obediência a regras, e, assim, que pode ser orquestrado coletivamente sem ser o produto da ação organizatória de um maestro.
E eu gostaria muito de fechar com uma citação de Paulo Francis sobre uma professora de literatura a respeito de Dom Casmurro. O texto do Francis se chama Capitu na Universidade. Eu o tinha, mas não sei onde foi parar. Se algum simpático leitor deste blog mo passar, ficarei muito agradecido. E tenham um bom dia.

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