Monday, March 02, 2009

Da Igreja e o comunismo

Olavo de Carvalho, tanto no True Outspeak de segunda última, bem como em muitíssimas ocasiões, tem dito que a Igreja silenciou publicamente acerca da perversidade do comunismo desde o último concílio. Essa acusação, no entanto, está longe da verdade. A tal ponto a Igreja condena pública e expressamente o comunismo que no próprio catecismo há referências a malignidade do comunismo.

Está claramente dito, na seção acerca do sétimo mandamento, que o comunismo e o socialismo são pecados contra este mandamento, e contrários à doutrina social da Igreja:

512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?

2424 – 2425

Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas económicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além disso, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano.


Isso significa que todo católico deve (ou deveria) saber que professar o comunismo é um pecado grave, e que a Igreja está clara, visível e inequivocamente em combate contra o comunismo, como aliás sempre esteve. Ora, o pecado contra o sétimo mandamento não é o único mal do comunismo. Sendo uma ideologia atéia, e sendo o ateísmo igualmente um pecado gravíssimo, o comunismo é uma afronta ao primeiro mandamento:

445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex 20,2)?

2110-2128
2138-2140

Este mandamento proíbe:

- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio;

- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;

- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou vender realidades espirituais;

- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana;

- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático


Sendo o comunismo ateu e contrário à doutrina social da Igreja, aquele que o professa está queimado em pelo menos dois mandamentos. Todavia, o comunismo também é uma idéia genocida, totalitária, contrária à família e às autoridades legitimamente estabelecidas, promovedor de discórdias, inimigo da propriedade privada e defensor de muitas outras coisas absurdas. Portanto, logicamente ele está em choque contra virtualmente todos os mandamentos de Deus, não havendo sequer necessidade de sempre repetir a palavra "comunismo" em cada exemplo de pecado contra os mandamentos.

Como tudo isso é dito expressamente no próprio catecismo, que é ensinado a todos os fiéis do mundo inteiro, fica evidente que a Igreja permanece em combate feroz contra o comunismo desde sempre e com toda a sua força, não sendo verdade, pois, que a partir do último concílio ela deixou de condená-lo. Tudo isso é de conhecimento básico para todo católico.

Por fim, eu gostaria de dizer que já vi missas em que padres condenavam explicitamente o comunismo. É verdade que já vi uma missa em que um padre criticava a propriedade privada, como se ela fosse pecaminosa de fato, porém esse pretenso ensinamento é um absurdo total, claramente contrário ao catecismo da Igreja, que, ao contrário, considera a propriedade privada legítima, desde que fundada na justiça. Ademais, infelizmente sempre houve heresiarcas no seio da Igreja, mas ela sempre soube defender o depósito da fé da maneira mais sábia e inequívoca. Por mais terríveis que sejam os inimigos da fé e por mais que eles cerquem a Igreja, ela nunca se deixou acovardar nem se amesquinhar: todos os erros em todos os tempos foram combatidos com bravura e nunca deixaram de ser denunciados pelas principais autoridades sacerdotais. Acusar a Igreja atualmente do contrário está em desacordo com a tradição e bem longe do que tem acontecido na realidade.

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